sábado, 27 de julho de 2013

Alfinetadas de Austen


Quase 1 mês se passou e os meus sentimentos continuam me torturando.
Vamos aos desabafos.

Nesse tempo li alguns "romances" de Jane Austen e descobri uma nova forma de olhar os relacionamentos.
Longe de ser uma autora romântica nos padrões, alma-gêmea, destino, amor a primeira vista, um único amor pra toda vida, a autora nos apresenta uma perspectiva diferente sobre o "ser romântico". 
Basicamente para Jane Austen, para um relacionamento dar certo basta um coração amoroso, passar um pouco de tempo juntos e uma pitada de acaso. Estes são os ingredientes para um relacionamento que vai durar, independentemente da paixão e dos gostos. Isto porquê, o diferencial de um coração disposto ao amor é justamente aceitar as diferenças. Gostar de alguém exatamente igual a você é narcisista. Logo passando tempo com alguém, independente de quem, se você possuir uma aptidão para o amor, será fisgada. 

Acredito que compreender esse romantismo à la Austen me ajudou a perceber algumas características dos meus próprios relacionamentos, sempre duvidei um pouco do romance estereotipo, pensava naquela frase: "Não é uma coincidência o amor da sua vida aparecer justamente na sua vida?" e realmente, me parece que seria coincidência demais, Austen concorda. 

Comecei a pensar na minha vida e nos meus "romances" e percebi que me identifico com os personagens de Austen, pois, todas as vezes que me "apaixonei", foi porque estava disposta a isso e porque convivia com a pessoa. Isto me deixou estupefata, "Quer dizer que não mando nem no próprio coração?" "Até isso pode ser reduzido a uma lógica?" 
(haha como se amor tivesse lógica).  

A autora parece louvar esse tipo de romance como mais autêntico, comum e duradouro. 
Confesso, essa perspectiva tem um quê de libertadora, tira o peso da nossa felicidade depender de um encontro feliz, e coloca essa responsabilidade em nós mesmos.


Obs: não se deixem enganar com os filmes baseados na obra de Austen, se lermos os romances com atenção perceberemos esses fatores, o acaso principalmente.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Amor e ódio


Comigo é sempre assim: amor e ódio.
Se eu te odiar a primeira vista, certamente tens uma chance.
Tenho a incrível habilidade de passar as maiores vergonhas da vida na frente de quem eu gosto e me corroer por isso.
Os comportamentos mais imaturos, o ridículo vem a minha boca e jorra.
Por isso fico quietinha na maior parte do tempo, só pra não correr o risco.
Te odeio a primeira vista, me odeio quando estou com você, odeio quando você não vem, odeio quando não me responde. Isso é um sinal clássico: te amo.
Me odeio por te amar. 

(Oh!10 Things I hate about you feelings)

Agora só seguro o fôlego e espero que passe. (Inspirei)

O amor é ridículo, o ridículo do amor.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Karma


No meu último relacionamento confesso, acabei com tudo. Pra começar, iniciei pensando em tudo como um experimento antropológico-participante, imaginei que seria divertido namorar, e ele era a pessoa mais próxima, e ao mesmo tempo distante, novo, fresco, logo aderi à idéia. Não estava muito confiante que iria funcionar, pois era primeira vez que eu realmente pretendia transformar isso num relacionamento sério com todas as conseqüências. Foi bom, me diverti muito, posso até dizer que amei ele. Fiz todos os ritos possíveis de namoro, conheci a família dele viajamos juntos, fizemos planos, nos habituamos um ao outro. Com o tempo percebi que ele gostava muito mais de mim do que eu dele, e que ele não via tudo com os mesmos olhos que eu, de novidade e experimentação, percebi que queria muito mais da vida e terminei. Foi difícil para ele, e para eu ter que agüentar ser a “malvada” aos olhos alheios. Mas, já fazem 3 anos e não me arrependo.
Ok, mas falei tudo isso para justificar, se karma existe, sou condenada a ter relacionamento patéticos de agora em diante. Confesso que por um bom tempo não quis ficar com ninguém, mas agora mesmo se quisesse, meus interesses românticos são mais complicados que eu 1000 vezes.
Quando foi que os homens ficaram tão inseguros e desconfiados? Será que fomos tão malvadas, para deixar essas criaturas tão quebradas assim? Tenho a sensação de estar lidando com pessoas com uma bagagem imensa, de medos, frustrações, que criaram uma casca protetora quase impenetrável.
E eu sinto que tenho parte nisso, pois também contribui.

Criamos esse enigma, e não sabemos lidar como ele. Reclamamos dos homens serem insensíveis e extremamente auto-confiantes e o que faremos agora com essa porção de seres masculinos amedrontados?

Confissão


Sim, eu confesso, todas as vezes que torci para não te ver, que escolhi outro caminho. Não suporto não saber. Na verdade acho que sei e sei bem. Tenho um sentimento não correspondido e o pior estou condenada a conviver com você, pois, quis o destino, somos parentes agora.
Passamos todos os feriados juntos, querendo ou não, viajamos juntos, quando há alguma novidade, reparto com você, quando há notícias ruins, também é você o receptor.
Já tentei lidar com a situação de duas maneiras: a primeira, negação, por meses me convenci que não havia razão para gostar de você, coloquei todos os defeitos possível em você, fiz juras de jamais me permitir sentir algo, seria muito embaraçoso devido a proximidade entre nós. Aconteceu que não deu certo, quando caí na real, por sinal, lendo um conto em um blog, percebi, era inevitável. Toda minha racionalidade não é suficiente para me iludir, te amava e ponto final.
Passei ao plano B. Assumi para mim mesma o sentimento, e pensei comigo: não importa todos os defeitos que eu cultivei em você, vou dar corda para esse flerte e ver no que dá, já fiz isso antes não deve ser tão difícil de deixar você perceber. E foi o que eu fiz. Arrumei mil jeitos da gente se encontrar “por acaso” toda a semana, enviava mensagens casuais dividindo interesses em comum, quando estávamos juntos, fazia tudo como manda o figurino, era simpática, mas não grudenta, te dava atenção, mas também não focava em você, não perdia a oportunidade te tocar e olhar em seus olhos, dividimos bons momentos. Mas não passou disso. Você nunca deu nenhum passo, na verdade, creio que percebeu, e preferiu ignorar, passou dias enclausurado, me negando até mesmo sua presença. E o que eu faço?
Há dias penso sobre nós, e creio que se você possui algum sentimento por mim, é muito covarde e prefere se enganar. O problema, é que eu sei que não tem mais ninguém, que você nunca teve um relacionamento sério, e que se há algo de errado não há muito que eu possa fazer. Não vou te esperar para sempre.
Eu estaria disposta a te ajudar apesar de todas as nossas diferenças, seria feliz em ser a pessoa que te ajudou a sair do castelo de cristal que você se meteu, mas acontece que não vou tratar como prioridade alguém que não tem nem coragem para tomar a mínima atitude. Fiquemos restritos aos encontros casuais, e com o passar do tempo eu espero que meu coração não acelere mais ao te ver, que a melhor parte da semana não seja te sentir.

Auto-engano


Às vezes me impressiono com a minha capacidade de auto-engano. Posso ficar dias me convencendo que não te amo que você é só uma pessoa como as outras. Nem penso em você, não sinto falta.
Aí de repente, do nada, me pego me arrumando, me produzindo pela possibilidade de talvez te encontrar, percebo a auto-traição e lá no fundo do meu interior a expectativa da sua presença brotando, fresquinha.
Mudo, tomo o controle.
Troco de roupa para um dia qualquer. Talvez não te veja mesmo, e se vir talvez você mal me olhe. Não ligo. Esqueço.
Passa um dia, uma semana, outra semana, e mais uma.
Vou vivendo, uma preocupação aqui, um cinema ali, um dia de faxina acolá, e ops, te esqueci!
Lá estou eu, leve e tranqüila andando pela rua, sozinha, atenção ao movimento, às pessoas, olha aquela parede teve uma nova pintura!
Entre um passo e outro sinto um abraço forte por trás, meu coração acelera ao perceber a altura da pessoa que me enlaça e ao sentir o cheiro. Quem será? Por um instante pode ser qualquer amigo que há tempos não via, mas quando viro o rosto é você! E eu que pensava que podia fugir! Você me diz um oi, dá um beijo no rosto e é tudo muito rápido na verdade, mas para mim, o tempo parou.
Nesse instante eu percebo, faz mais de um mês que não te vejo, e sobrevivi. Tinha me distraído, esquecido esse sentimento jogado em algum beco.
Estamos juntos, andando pela rua, quero quebrar o silêncio, falar com você. O barulho é alto por isso fico na ponta dos pés e falo no seu ouvido, como é o meu costume. Falo qualquer coisa, você responde qualquer coisa, falo assim só para te cheirar e sentir o seu corpo, olho nos seus olhos, e sondo qualquer vestígio de sentimento, mas não encontro nada que já não tenha visto. Não alimento nenhuma esperança, mas continuo falando com você, de quando em quando, enquanto andamos lado a lado, só para ter a sensação de você por perto.
Ficamos juntos mais de duas horas, jogando conversa fora, nem presto atenção no que falo, busco apenas me controlar e parecer indiferente.
Você vai embora, mal olho nos seus olhos, sei que nada mudou, me despeço com outro beijo, mas estou tão desiludida que nem aprecio. Não sei quando nos veremos de novo, o tempo suficiente para eu juntar meus pedaços, torço.  

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A espera

          
                          Eu aguardo silenciosa na sombra. A umidade colou-se a minha pele e eu sinto frio ao roçar do vento.  Não está mais tão escuro, mas estive mergulhada em sombras por muito tempo e a mínima dispersão de raios solares parecem intoxicar-me. Não consigo mover-me, o leve abrir e fechar das minhas pálpebras cansadas de noites de vigília é todo o esforço que minhas forças permitem. O profundo sôfrego da minha respiração é o máximo barulho que consigo produzir. Condenada. A quê? Ver o próprio corpo definhar lentamente enquanto a escuridão se apossa de minha estrutura, imobilizando cada célula, cada tecido, cada vaso sanguíneo. Mergulhada numa reentrância do riacho, meu corpo sofre os efeitos do veneno numa cadência ininterrupta. No começo senti o fogo, consumiu rapidamente as minhas profundezas, pude imaginar minha carne sendo putrificada de dentro para fora, imaginava tudo preto, decomposto, não era possível sobrar algo após tamanha dor, por isso quando veio a paralisação, agradeci, saudei-a como a chegada mais feliz! Mas em poucos minutos compreendi que ela não estaria nunca satisfeita, a medida que me imobilizou, permitindo apenas o pouco fôlego, a consciência e a visão.Agora, me encontro encoberta por esta nesga de névoa que a noite esqueceu. Apoiada em uma grande pedra penso que se me manter na superfície haveria alguma chance. Mas o dia está tão gelado, o vento cortante arrasta pequenas folhas na margem, que dançam com pesar, como se não quisessem ser incomodadas. Uma pétala branca de uma flor pequena do campo solta-se como que liberta do caule e prepara o voo rasante sobre o meu peito, ao cair parece instantaneamente murchar, enrugar, se esvair. Compreendo que tudo está correndo, alguns mais rápido outros em negação para os braços daquela que a todos leva. A suave corrente do riacho apenas produz leves ondas na superfície, a água me parece a cada instante mais morna, convidativa. Eu me pergunto quanto tempo. 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Uma espiada interior

         
        
        Sempre fui um um baú de segredos. As pessoas confiam em mim e contam as mais longas, complicadas histórias sem sentido, eu as ouço, eu as consolo, eu as entendo. Eu gosto disso, seria feliz na profissão de psico-terapeuta. Na verdade, admiro muito as pessoas que tem essa capacidade de se abrir totalmente, revelar os desejos mais improváveis, confessar os sonhos mais desvairados, justamente porque eu pouco me revelo.
          Não sei se por que sinto que ao falar sobre mim, não estou falando, mas criando, criando esse personagem, que ás vezes não reconheço, mas que na fala, cria vida. Eu até me simpatizo com esta criação, estabeleço certa empatia, mas parece que no fundo sei que não é eu. Tenho consciência que não existe "eu verdadeiro", que somos constantes construções, e construções linguísticas, por isso resolvi escrever, para ver se me pego de surpresa. Talvez no meio da narrativa em fluxo me traio e me acho. Logo, estou me escrevendo, me construindo e me espiando. Sim, assumi a contradição, mesmo sabendo que todos nossos "eus" são construídos vou escrever até localizar uma parte deles, mesmo que mutáveis, quero os perceber.
         Há muito tempo não escrevia para mim, escrevi muito quando criança e adolescente. É uma sensação única, escrever para si, por isso o anonimato não faz diferença. Comecei a escrever pensando em falar de relacionamentos, do sexo oposto. Mas tem tanto assunto entalado na minha garganta que não sei dar ordem a esse caos. 
         Sinto, como se tivesse hibernado durante uns 3 anos emocionalmente, o fim da graduação me consumiu intensamente, de maneira que teci poucas relações afetivas com o sexo oposto. Agora sinto que acordei e estou preparada para algo, mas as regras do jogo mudaram e eu não acompanhei.  Parece que os homens estão mais complicados, ou sou eu que penso demais. Comecei a pensar que se todas as pessoas são tão complicadas internamente como eu, é melhor ir com calma, acima de tudo dar espaço ao outro, não forçar nada. Quando penso que estou conseguindo voltar estabelecer contato potencialmente romântico, o outro já é comprometido. Isso está me deixando muito desconfiada, e não quero perder minha espontaneidade. Tenho muita dificuldade com o mundo dos signos e códigos de relacionamentos, principalmente nas redes sociais, alguns dizem "cutucar no Facebook tem conotação sexual", outros dizem que só de bater papo online, já está paquerando. e ainda tem aquela história de tempo de espera para responder uma mensagem, se você responde rápido demonstra que está carente, se demora para responder ou esquece é um aviso que o outro está incomodando... o que me deixa mais incomodada é como algumas pessoas levam estes códigos a sério, não param para pensar nem por um instante que o outro não conhece estes códigos. 
            Não deveríamos levar estas coisas tão seriamente, quero viver como eu quero, responder a hora que eu quero, me interessar genuinamente, perder o interesse e ser respeitada por isso, quero acreditar que duas pessoas conversando podem ser só duas pessoas conversando, que a amizade é possível, e que não preciso me submeter aos seus julgamentos baseados nos seus códigos imaginados. 
Ufa, me sinto mais leve já!  
               Vou fazer um manifesto pelo respeito à espontaneidade, ao interesse genuíno, às imprevisibilidades da vida, ao acaso. E para o ponta pé desse movimento pessoal, não vou editar esse texto, revisar ou corrigir! Termino pensando que o amor deveria ser fácil, inevitável, incontrolável. High 5 Caos!